Crítica Cinematográfica: ‘O Menino Que Descobriu o Vento’

Olá pessoal!!! Eu tô numa fase que a diva Netflix lança alguma coisa e eu já estou assistindo, por isso, quando vi no catalogo o filme O Menino Que Descobriu o Vento, eu não pude deixar de assistir e, claro, amar! Baseado em fatos reais, a história já mexe com a gente apenas com a sinopse e o trailer, mas as duas horas de filme são emocionantes do começo ao fim. Vem saber tudo que eu achei sobre esse lançamento – sem spoilers -, mas antes, confere a sinopse e o trailer:

“Sempre esforçando-se para adquirir conhecimentos cada vez mais diversificados, um jovem de Malawi se cansa de assistir todos os colegas de seu vilarejo passando por dificuldades e começa a desenvolver uma inovadora turbina de vento.”

 

William Kamkwamba (Maxwell Simba) é um menino alegre, sonhador e com sede de conhecimento que vive em Malawi, na África, com sua família. Ele está prestes a começar a fazer seu ensino médio e a felicidade dele é enorme. Sua irmã mais velha, Annie (Lily Banda) já é formada e está a espera de que sobre algum dinheiro, para poder ir para a faculdade. Seus pais, que lutam para colocar comida na mesa da família, fazem questão de garantir também os estudos dos filhos, um luxo que eles não tiveram a oportunidade de ter quando jovens.

Mas Deus, o universo, o clima ou o que quer que seja, têm outros planos para os habitantes das terras secas de Malawi. Todos ali vivem da plantação de tabaco e tanto a seca, quanto a abundância de chuva são terríveis para as colheitas. E, assim, começa o inferno de todos, quando a chuva chega sem cessar, inundando a plantação e os fazendo perder boa parte do trabalho deles. Com essa enorme perda, Trywell (Chiwetel Ejiofor) e Agnes (Aïssa Maïga), pais de William, não conseguem mais pagar a escola e ele é obrigada a parar os estudos.

Logo depois da chuva, que acaba com as plantações, vem a seca, que impede a todos que plantem novamente. Afinal, sem água, é impossível plantar. E, assim, o desespero só aumenta para os habitantes de Malawi. A fome cresce e eles precisam cada vez mais, diminuir a quantidade de comida, até que chega uma hora que eles só podem fazer uma refeição por dia. É triste, é agonizante, é desesperador, ver a família fazendo tudo que pode para sobreviver e nada ser o suficiente.

Por isso, William começa a ter uma ideia. Ele descobre através de uma bicicleta que o vento é capaz de gerar energia e, assim, ele imaginou que, com essa energia gerada pelo vento, eles poderiam ligar uma bomba de água e ‘fazer chover’ durante a seca. Parece ser a solução de todos os problemas e, por isso, ele começa a ir para escola escondido, ler os livros sobre eletricidade e energia eólica na biblioteca para aprender a criar um moinho de vento e ajudar todos que ali viviam. Tudo que ele usa para a construção desse moinho vem do lixo, ele vai no lixão e vê nas sucatas descartadas ali uma utilidade para o seu projeto. A garra, a coragem e a força que esse menino tem é inspirador.

“Mesmo rezando pra chover, os ancestrais sobreviveram porque permaneceram juntos. Quando estivemos juntos, Sr. Diretor?”

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De fundo a toda essa história, temos a situação política de Malawi. Eles acabaram de entrar numa democracia, mas nada funciona como o esperado. O governo fecha os olhos para a situação deles e eles lutam para conseguir comida e uma vida digna. Tudo que interessa aos governantes é comprar suas terras, cortar suas árvores e pegar suas produções por preços ridiculamente baixos. No decorrer do filme, vemos o resultado do descaso do governo para com essas pessoas e esse lugar. É muito triste e a revolta também está garantida.

O filme é mais focado no William e sua família. A questão da hierarquia familiar é bem pontuada e o motivo do maior conflito no filme. William terá que mostrar para o pai que ele está certo em determinada situação, e isso não é nada fácil. Mas a ligação, o amor e a luta que mantém a família tentando tudo que podem para sobreviver é lindo de ver. Assim como as perdas são tristes de presenciar. Pessoas que vão embora para fugir da fome, pessoas e animais que morrem de fome. Por mais simplista e intimista que o filme seja, ele não deixa de marcar e emocionar quem assiste.

“- Não temos comida!
– E daí? Acha que eu vou te deixar morrer de fome? Quando eu cortar meu próprio braço pra te alimentar, então vai saber que é minha filha.”

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Além de uma ótima atuação como pai de William – o que não surpreende depois do seu sucesso no filme 12 Anos de Escravidão -, preciso dar um grande destaque para Chiwetel Ejiofor pelo seu primeiro trabalho como diretor. A fotografia do filme é linda e incrível. Podemos ver claramente a mudança da natureza ao redor e das pessoas que lá vivem, conforme o tempo passa. O verde que vai diminuindo, o amarelo terroso que vai tomando conta de tudo por conta da seca, os animais que vão emagrecendo sem ter o que comer. Eu fui completamente absorvida por tudo ali e a produção teve tudo a ver com isso. Com aproximadamente duas horas de filme, a Netflix mais vez arrasou em nos trazer um trabalho tão rico. 

Além do filme, essa incrível história já foi contada através de um livro de mesmo nome, lançado em 2011 aqui no Brasil pela Editora Objetiva, e escrito pelo próprio William (saiba mais aqui). Já a a história real, na qual ambos são baseados, aconteceu em 2001, o que nos traz um choque por ver que, numa época tão próxima ainda existiam pessoas em situações como a que foi retratada no filme. E, pior ainda, é ter a certeza que hoje em dia, ainda existem lugares assim.

Mas aqui, podemos mais uma vez, ver que nos momentos mais difíceis, o ser humano encontra uma forma de fazer acontecer e encontra uma maneira para tudo dar certo. William, o verdadeiro mesmo, é um grande exemplo de superação. Dá pra imaginar que ele, um menino de 14 anos, simplesmente transformou a vida de todos que moravam perto dele? Enquanto, todos fugiam e pereciam sobre a seca, ele realmente fez chover, como ele mesmo fala no filme, e isso é mágico. É claro pra mim que a história de William Kamkwamba é grande e inspiradora!

“Depois de deixar a escola, fui pra biblioteca e li um livro chamado Usando a Energia, onde consegui as informações sobre o moinho.
Tentei e consegui construí-lo”

William real

Esse filme me trouxe uma grande lição de vida, me inspirou e me deixou emocionada em vários momentos. A luta, a garra, a força e a coragem de William e seus pais me deixou profundamente tocada e envio a eles todas as minhas orações para que eles nunca precisem passar por esse inferno novamente. E, assim, termino essa crítica indicando esse filme para todos que amam um bom drama, daqueles que nos torna pessoas melhores depois de assistir. Vocês não vão se arrepender. Grande beijo e até a próxima!

 

 

 

13 comentários em “Crítica Cinematográfica: ‘O Menino Que Descobriu o Vento’

  1. Olá Letícia,

    Sou completamente apaixonada por dramas, e histórias como essa costumam me fisgar, então, é claro, que já fiquei aqui bem interessada no filme. Ainda não o conhecia, então essa dica veio no momento certo e já vou colocar na lista para assistir no fim de semana.
    Fiquei feliz por saber que foi um filme qu te inspirou e que te permitiu pensar na vida, esses são sempre os melhores, os que nos marcam profundamente, além do enredo que aborda pontos importantes. Parabéns pelo post, arrasou como sempre!

    Beijos!

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  2. Que história! O feito desse menino foi muito heróico, que bom que cada vez mais pessoas tomem conhecimento desse ato louvável que ele teve. Com saber e coragem, coisas que pareciam tão distantes tormam- se atos realizáveis. Já separei esse filme pra assistir logo que possível. Obrigada por compartilhar essa dica ótima Letícia!

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  3. Acho que já tinha ouvido algo sobre o livro, mas ainda não tive a oportunidade de assistir o filme. Inclusive, estava procurando algo para assitir hoje. Achei o enredo incrível, histórias assim sempre me tocam, espero que a narrativa seja tão boa quanto sua descrição. Obrigada por esse dica.

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  4. Terminei de ler sua resenha literalmente engasgado e segurando o choro. Já vi vários posts de amigos no Facebook recomendando este filme, mas nada tão tocante quanto o seu texto. Já vou correndo assistir! Obrigada por compartilhar tuas impressões com a gente!

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  5. Esse filme é maravilhoso e traz grandes ensinamentos, é muito emocionante! Escrevi em meu blog uma lista de lições de sustentabilidade que podemos tirar da história de William para explorar mais uma mensagem que nos transmite o filme!

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