Oi gente!! Hoje é dia de chá aqui no blog e o meu escolhido foi Cartas do Passado, um romance de época nacional da Lucy Vargas. Eu gosto muito da escrita da autora e já resenhei outros títulos dela por aqui, mas sempre fico surpreendida com sua escrita tão rica. Esse livro é um pouquinho diferente dos outros livros da autora, pois estamos falando de um romance medieval e ao mesmo tempo contemporâneo. Ficaram confusos? Fiquem com a sinopse que eu já conto um pouco mais sobre essa história…
“Recém-formada, desempregada e com a conta zerada, Luiza recebe uma proposta de emprego em um castelo medieval nos confins da Inglaterra. Sem opção, ela parte de Londres com tudo que tem. O castelo vai virar um hotel e ela vai trabalhar justamente no museu arruinado dos Warrington. Tudo à sua volta grita abandono, até os antigos escritos do último dono do castelo chegarem às suas mãos e lhe contarem outra história. O conde de Havenford foi um homem sofrido e solitário. Assassinado ainda jovem, seu povo foi abandonado e seu castelo, destruído. Perdida entre o presente, o passado, a vida do conde e a sua, Luiza vai aprender que a história vai muito além dos livros. Mas, antes que o fim seja escrito, ela vai precisar de muita coragem para salvar não apenas a vida do conde e de todos no castelo, mas a sua também. Tenha coragem, desafie os fatos e vista as roupas da lady mais atípica que já pisou em um castelo. Prove que o amor nasce onde menos se espera e entre de cabeça nessa história. As próximas cartas podem ser para você.”
Luiza Campbell é uma jovem de 25 anos, recém-formada, desempregada e que vê numa proposta para trabalhar num antigo castelo medieval como uma grande oportunidade já que nesse momento está com a conta zerada. Ela sai de Londres e vai para o interior da Inglaterra, onde fica o Castelo dos Warrington, que vai virar um luxuoso hotel e que algumas alas serão destinadas a contar a história dessa família. Ela foi contratada para organizar os documentos sobre o último Conde de Havenford, e também o último suserano do castelo, que morreu muito jovem e sem deixar herdeiros.

Conforme os dias vão se passando e Luiza vai lendo as anotações do conde, mais fica intrigada com o homem que ele foi. Tudo indica que ele amava suas terras, seu castelo e principalmente, seu povo e era amado de volta. Ela não consegue entender como aquele castelo abandonado e em ruínas pode ter sido o lar do conde, mas vai notando por suas correspondências ou anotações, que Havenford tinha orgulho daquele lugar, no entanto, ele se tornava cada vez mais sozinho e triste. A história dele, a documentada pelo menos, conta que o conde se casou com uma prima distante e ela acabou cometendo suícidio. Depois disso, tentaram casá-lo novamente, mas a tristeza já o tinha dominado.
Impulsivamente, Luiza escreve uma resposta para uma das correspondência do conde e até aí não teria nenhum problema, já que a romântica que existe dentro dela ficaria feliz em escrever cartas ao conde, só que ela acaba recebendo uma resposta escrita pelo próprio conde de Havenford, um homem que estava morto desde 1426. Aquilo só poderia ser algum trote da equipe do museu ou Luiza estaria ficando completamente louca. Maluca ou não, ela responde novamente e partir daí passa a se corresponder com o conde. Só que há um outro problema, conforme essas cartas são trocadas, o passado, conforme foi documentado, vai se modificando já que o conde morreu jovem e até onde os historiadores sabem não houve um amor no final da vida dele.
“Minha adorada dama, sei que vou gostar muito de ter seu conforto. E como aprecia tanto mergulhar-me em fantasias, diga-me a cor de seus olhos. Preciso de um ponto para começar a imaginá-la ao meu lado. Saudosamente J. D. Warrington”
E um desses historiadores é Marcel, ele fica entre achar que está caduco e não entender como é possível que Luiza esteja realmente se correspondendo com o homem que foi objeto de seus estudos por tantos anos. É ele quem percebe que os dados estão mudando, então aconselha Luiza a escrever para o conde avisando sobre um brutal ataque que sofreriam. Ambos sabem que estão mudando fatos históricos, mas eles precisam fazer alguma coisa para que Havenford não tenha seus últimos anos de vida afundado em tristeza, rancor e arrependimentos e principalmente, que o castelo se transforme naquela ruína que estão restaurando.

Apesar de ter levado o conselho de Luiza a sério e ser grato por ter salvado tantas vidas, o conde percebe que é hora de encerrar essas correspondências já que a dama nunca aceitou ir ao encontro dele. Luiza fica desesperada ao receber essa última carta não consegue acreditar que nunca mais falará com ele e pior, nunca estará diante do homem pelo qual veio se apaixonando. Num ato impensado, ela abre a janela do gabinete do conde, conhecida por não abrir desde o século XIX depois que foi atingida por um raio, e se joga. Ela sente que tudo ficou escuro, mas o choque vem após olhar ao redor.
“Sinto ter de me despedir após um ato tão honrado de sua parte. Acredito que milady tinha razão quando me ofereceu suas palavras de conforto, mas infelizmente elas não tem mais o mesmo efeito. E minha mente parece ter me privado da habilidade de fantasiar livremente sem esperar por mais. Saudosamente J. D. Warrington”
Ela acorda num lugar estranho em meio a vários corpos ensanguentados e descobre que ali ela não é mais Luiza Campbell, mas Elene de Montford, uma mulher que morreu após ter sua comitiva atacada em 1423. Tudo parece impossível, ainda mais por ser resgatada pelo homem que vinha tomando todos seus pensamentos. Ela não sabe como, mas agora coexistia como Elene e apresar de se lembrar de como era ser Luiza em 2012, ela também ia se lembrando de como era sua vida naquela época, como lady Elene. Tudo se torna mais chocante quando ela descobre que o conde recebia suas cartas sob as inicias de E.M, ou seja, como Elene.
“Um milagre poupou a vida de Lady Elene de Montford, dona das únicas palavras que confortavam meus dias, mas atormentavam minha paz. Passar mais tempo no castelo parece-me imprescindível no momento.”
Luiza/ Elene sabe que já mudou fatos do passado do conde e conhece como será o futuro das terras e do castelo de Havenford, então decide que dará um futuro diferente à ele. Seu amor não morrerá prematuramente, vítima de traição, Jordan será amado e feliz. Depois de saber de toda a sua dor, o conde merece viver um grande amor e Luiza dará isso à ele. Mas nem tudo são corações e flores, teremos alguns percalços no caminho, muitas batalhas, porém uma coisa será diferente: Jordan enfim terá dias de alegria para escrever e que serão documentados para as gerações futuras.

Aaahhhh…parece que falei horrores da história, mas tem muita coisa para ler até porque estamos falando de um livro de mais de 400 páginas. Quando eu vi que a Lucy iria misturar o presente com o passado, eu já fiquei louca para saber como ela faria isso. Fui me surpreendendo a cada página lida e por ser uma trama tão rica em detalhes fiquei com medo de ficar pontas soltas, mas mais uma vez a autora nos provou que pode sim escrever um texto rico, cheio de detalhes e com um romance arrebatador.
O que falar do nosso Conde de Havenford? Um homem marcador pela tragédia, mas que apesar de toda a sua dor não deixava que seu povo sofresse. Era um suserano amado por seu povo e que acabou conhecendo o amor através de Elene. E falando dela, a grande heroína dessa história é Luiza/ Elene, ela vai se transformando numa guerreira, capaz de tudo para fazer seu amado conde feliz. Ela passa por tantas provações e isso só vai fazendo a personagem crescer. Ela começa como a sonhadora Luiza que só quer sobreviver e termina como uma mulher do século XV super forte e empoderada.
“Elene deu a luz a dois meninos. Posso dizer que estou surpreso como jamais estive na vida e tão feliz que estou procurando outra palavra para descrever a sensação. Felicidade está começando a se tornar um termo repetitivo e precário. E, por fim, confesso estar assustado. Rezo por meus filhos, para que eles tenham a chance de viver muito mais do que alguns meses.”
Cartas do Passado passou por uma repaginada, já que foi lançado pela primeira vez em 2013, de forma independente pela autora. Em 2020, ele ganhou uma casa editorial e a Editora Charme fez uma edição muito bonita. A capa remete muito ao castelo de Warrington, toda a neve citada e principalmente pela dama. A diagramação também está lindíssima com uma marca d’água bem sutil, além disso temos todas as cartas e anotações destacadas com uma fonte diferente para Jordan e outra pra Luiza. O restante do texto tem fonte e espaçamento confortáveis para a leitura. E pra quem gosta de ler ebook, essa história já está disponível nos dois formatos. A minha edição foi enviada sob parceria com a editora e eu fiquei super feliz quando vi que estava autografada.

Cartas do Passado é um livro que vai conquistar as leitoras de romances históricos e que gostam da premissa de viagem no tempo, grandes batalhas, protagonistas fortes e recheado de cenas românticas. O início pode parecer arrastado, mas tudo tem seu devido tempo e a Lucy foi construindo um romance entre dois personagens separados por mais de 500 anos. É de se esperar que não seja nada corrido ou apressado, não é mesmo? Sem contar que é maravilhoso ver como a autora escreve duas linhas temporais completamente diferentes, mas ambas impressionantes. Tô apaixonada nesse livro? Sim, eu estou e acredito que você deveria partir pra leitura dele ainda hoje. Sendo assim, deixo minhas 5 Angélicas cheia de suspiros apaixonados.
