A Hora do Chá: ‘A Queda de Lorde Drayson – Rachael Anderson’

Oii oi gente, olha eu de volta nessa coluna tão amada. E, hoje, vou falar um pouquinho sobre o livro de estreia da autora Rachael Anderson aqui no Brasil. A Queda de Lorde Drayson é o primeiro livro da série Tanglewood que, pelo que pesquisei, é uma trilogia, com os dois primeiros já publicados por aqui, pela Editora Pausa. Então vem comigo saber tudo o que eu achei da história de como uma dama transforma um lorde em seu criado. Mas antes, confere a sinopse:

Quem é ele? Um poderoso Lorde ou um humilde servo?
Quando Colin Cavendish, o novo Conde de Drayson, informa a Lucy Beresford que ela e sua mãe precisam abandonar a casa que chamaram de lar nos últimos dois anos, Lucy percebe que está de mãos atadas. Elas não têm dinheiro, ninguém para pedir ajuda, e nenhum lugar para onde ir.
Como o Conde ousou quebrar a promessa que seu pai fizera aos Beresford sem peso na consciência?
Mas a sorte bate à porta da jovem no momento em que ela encontra o Conde ferido e inconsciente no meio da estrada. Quando ele acorda com amnésia, Lucy aproveita a oportunidade para ensiná-lo uma lição de humildade, dizendo que ele é um simples servo. Seu servo, na verdade.
E assim se inicia uma encantadora história de um Conde majestoso e uma jovem impetuosa, presos em uma teia tão emaranhada que levanta a questão: conseguirão eles algum dia se libertar?

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Colin Cavendish é o mais novo Conde de Drayson e está obstinado a resolver todas as pendências deixadas por seu pai. Uma delas é vender o solar de Tanglewood, uma propriedade em Yorkshire, que precisa de uma boa reforma e só dá prejuízos à sua família. O que ele não esperava era encontrar a Casa da Viúva ocupada pela família Beresford, oferecida por seu pai a dois anos atrás. Acontece que Colin não procura saber todos os motivos que levaram seu falecido pai prometer que as Beresford podiam permanecer na casa enquanto precisassem e, sem pensar duas vezes, decide que dois meses é tempo suficiente para elas conseguirem sair da propriedade.

Lucy é a filha única da Sra. Beresford e do falecido vigário. Quando o pai morreu, não deixando quase nada para mãe e filha, elas ganharam um novo lar em Tanglewood, graças ao pai de Colin, onde puderam recomeçar. Para conseguirem se sustentar e manter a criada e amiga, Georgina, trabalhando para elas, Lucy vende suas lindas rosas e a mãe atua como costureira. A vida não é fácil, mas elas são felizes. Até que Lorde Drayson aparece em sua porta, todo arrogante, dizendo que ela precisa sair da casa, onde aprendeu a chamar de lar, o mais rápido possível.

“[…] Não era justo julgar um livro pelo título, e tampouco pelos dois primeiros capítulos. Era necessário conhecer o livro por inteiro antes de poder afirmar que era bom ou ruim. O mesmo era verdadeiro a respeito das pessoas.”

Os dois trocam farpas logo no início e, mesmo Lucy tentando explicar que ele não pode quebrar uma promessa feita pelo pai, ela também não deixa seu orgulho de lado, e não revela que a situação da sua família é pior do que Colin imagina. Sem conseguir convencer o Conde a mudar de ideia, bate a porta em sua cara e encerra a conversa. Logo depois, Georgina vem, desesperada, dizer que tem um homem caído na estrada, que parece estar morto. Para surpresa de Lucy, este homem é ninguém menos que Lorde Drayson, a última pessoa que ela desejaria ajudar.

Mesmo assim, Lucy o faz, arrasta Colin para sua casa, cuida dele, enquanto espera ele acordar. Só que Colin desperta sem ter ideia de onde está e, pior, sem saber quem ele é. Mas continua com a mesma arrogância e soberba com que a tratou poucas horas atrás, o que inflama uma raiva em Lucy, que decide chamá-lo de Collins e dizer que ele é seu criado, atuando como mordomo e cocheiro da casa. Lucy pretende fazer isso por uma semana, só para ensinar uma lição ao Conde e tentar fazê-lo ter mais empatia e Colin, mesmo não acreditando que aquela seja sua vida real, acaba tentando se adaptar a essa realidade, que a Srta. Beresford diz ser a dele.

Conforme os dias passam, os dois continuam se provocando, mas também se aproximando e construindo uma inesperada amizade. Lucy começa a conhecer Colin e perceber que ele pode não ser tudo aquilo que ela imaginou e um remorso e culpa começam a tomar conta dela. Já Colin, a cada dia que passa, tem mais certeza que aquela não é sua vida, por não saber fazer nada de suas funções, mas começa a se encantar por Lucy e pensar que aquele lugar pode não ser tão ruim, afinal. Só que existe esse enorme nó de mentira entre eles, que Lucy não sabe mais como desatar, e as coisas não vão acabar do jeito que ela planejou.

“Colin não entendia exatamente o que Lucy Beresford representava para ele, mas sabia que era mais do que qualquer outra mulher tinha significado em sua vida.”

A Queda de Lorde Drayson foi uma grata surpresa pra mim. Eu já estava bem ansiosa para ler, mas o livro conseguiu me encantar e me envolver mais do que eu esperava, apesar de algumas ressalvas, além de apresentar personagens apaixonantes. E é deles que eu vou falar agora.

Começando por Lucy. Que mocinha mais determinada e espirituosa. Ela nem sempre toma as decisões mais sábias – visto que, depois de anos, ela acaba quebrando a promessa de nunca mentir, o que é ainda pior para a filha de um vigário -, mas tem um ótimo coração, é adorada por todos que a conhece, pela sua graça e bondade. No momento que Colin entra em sua vida, era quando ela estava determinada a provar para a mãe – que havia viajado para ajudar em um parto – que era responsável e podia ser independente, e, apesar de suas ações terem ido por outro caminho, no fim, serviu para que Lucy amadurecesse muito e descobrisse mais sobre si mesma, de várias maneiras, não só nas ações que refletem em sua vida.

Colin foi um mocinho, não tão mocinho assim, de início rs. Ele demostra ser uma pessoa que não pensa no próximo, só no próprio umbigo e cheio de arrogância. Mas já adianto que suas primeiras ações não o definem por completo. Ele foi me conquistando aos poucos e terminei a leitura amando o jeito malandro e descontraído que revela ter. Desde pequeno, ele sempre foi muito independente, não querendo a ajuda de ninguém para aprender algo, e isso cobra seu preço. Não é só Lucy que irá amadurecer nessa jornada.

Os personagens secundários também foram um sopro de alegria nessa trama. A começar por Georgina, que é quase parte da família Beresford, e se torna cúmplice de Lucy em seus planos. Sempre com receio de tudo dar errado e é meio que a voz da razão de sua patroa. Outras personagens que eu adorei foram a irmã e mãe de Colin, Harriet e Lady Drayson. Não posso dizer muito para não dar spoiler, mas elas não eram nada do que eu imaginei e se destacaram muito mais do que eu esperava. Sr. Shepherd, vizinho de Tanglewood, também tem um espaço especial nessa trama, se tornando uma presença paterna para Lucy. Ele vai se envolver com alguém e foi um casal de dar um quentinho no coração. A mãe de Lucy foi alguém que me surpreendeu muito também e me fez amá-la.

“– Eu gostaria muito que você convencesse a orquestra a tocar valsa, me tirasse para dançar e continuasse a dançar comigo pelo resto da noite.
Ele arregalou os olhos numa demonstração dramática de espanto.
– Como nossas reputações vão aguentar tal escândalo?”

Já Lucy e Colin, juntos, foi muito fofo divertido de acompanhar. Eles se tornam parceiros um do outro, apesar de sentir que essa relação poderia ter tido um Q a mais de desenvolvimento. A mentira de Lucy foi algo bem desonesto e prometia consequências dolorosas, mas não foi o plot do livro como eu esperava, e isso me incomodou um pouco, pois não teve o impacto que vinha prometendo. Eu senti o quanto a culpa machucava Lucy e como ela ficou perdida, sem saber o que fazer, só que, no fim, parece que foi tudo em vão. Esse arco da trama acabou deixando um pouco a desejar, mas eu não deixei de apreciar a leitura ou torcer por esse casal, muito pelo contrário, eu gostei bastante de suas interações, com conversas inteligentes e cheias de provocações.

A diagramação é simples, porém bem feita, com folhas amareladas, fonte e espaçamento de um ótimo tamanho para uma leitura confortável. Um pequeno detalhe sutil da capa, também enfeita os capítulos. Falando da capa, eu amo o trabalho da editora Pausa, com essa linda combinação de cores e a modelo com as flores tem tudo a ver com nossa mocinha. A narrativa segue em terceira pessoa e, apesar de ter o ponto de vista dos dois protagonistas, o que predomina mais é o de Lucy. Bem no finalzinho da história, temos a introdução do protagonista do segundo livro e já adianto que gostei dele e da vibe misteriosa que ele deixou no ar. Os dois livros estão disponíveis tanto em físico, quanto em ebook.

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Apesar do livro ser curtinho, só 223 páginas, e ter alguns pontos falhos, o ritmo da trama é frenético, o que me deixou presa a história e apegada aos personagens. A escrita da autora é bem fluida e divertida, que me deixou com gostinho de quero mais, tanto que quero ler o segundo dessa série o quanto antes. Se você procura um romance de época mais leve, esse é uma boa pedida, já que não tem nenhuma cena mais caliente. O casal não sai da primeira base, ficando só nos beijos mesmo e isso não é ruim, de modo algum, só trouxe um clima diferente do que estou acostumada nos romances de época. É nítido a atração deles, mas é tudo mais inocente.

Eu indico essa leitura, que foi muito gostosa e divertida, principalmente porque é ótimo para ler em uma tarde de preguiça. Vou ficando por aqui, deixando minhas 4 Angélicas para essa história. Até a próxima!

4 comentários em “A Hora do Chá: ‘A Queda de Lorde Drayson – Rachael Anderson’

  1. Esse arco “mal feito” pode causar uma decepção muito grande? Li um da Julia Quinn (mais lindo que a lua – se não me engano) e me senti tão boba por ter lido o livro até o fim, que não tive coragem de ler os livros seguintes. Não queria correr o mesmo risco, hahahaha

    Fiquei curiosa por esse, mesmo sabendo daquele detalhe.
    Ótimo post! Abraço

    Curtido por 1 pessoa

    1. Não causa não, viu? Acho que vale a leitura pra você tirar a própria conclusão, mas vários outros tópicos do livro compensam esse detalhe. E, diferente de alguns arcos “mal feitos” que estragam o casal, aqui não foi o caso, pqe o casal é muito bom, só deu um sentimento de que faltou algo. Eu acabei concluindo que isso pode ter sido a intenção da autora, de trazer um romance mais leve mesmo, até porque o livro é curto. É aquele tipo de leitura mais calma, pra divertir e passar o tempo.

      E obrigadaa. Beijos

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